Quando meu sogro adquiriu problemas na coluna e não pôde mais trabalhar como ambulante puxando um carrinho de verduras, construí para ele, um salão de madeira para instalar uma quitanda. Posteriormente ele foi trabalhar como cobrador de ônibus e este espaço ficou desocupado. Quando me casei fui morar lá.
Seis meses depois, acordei de madrugada, e passada a euforia do casamento, me coloquei de joelhos na beirada da cama e, minha oração foi apenas e exatamente esta:
-“O que é que eu estou fazendo aqui?”.
Eu me referia ao fato de estar morando na favela, num barraco de madeira.
Neste exato momento, abri os olhos para olhar em redor, mas, não vi as paredes de madeira, vi dois ambientes de alvenaria, devidamente rebocados, pintados, separados por um vão de porta. Uma parede verde e outra azul.
Não entendi, voltei a deitar.
No dia seguinte, a vizinha procurou minha esposa e disse:
-“Há uma mulher na rua da frente que tem dois cômodos para alugar. O marido dela sofreu um acidente em outra cidade e ela está desesperada para ir viajar ao encontro dele. Ela não quer fiador, nem depósito, só o dinheiro da passagem e ela entrega a chave".
Providenciei o valor, mudamos para a casa, arrumamos os móveis. Tomei banho, coloquei meu roupão, deitei na cama... E daquela posição em que estava deitado, olhei para frente e lá estavam elas, no exato ângulo que havia visto na oração, no barraco. Duas paredes de alvenaria, uma verde e a outra azul.
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