Sonhei que estava em frente ao edificio Joelma na Avenida Nove de Julho em São Paulo. Na época meu pai morava naquelas imediações.
O farol se abriu para nós, pedestres, e junto com outros, iria atravassar na faixa.
Mas, do outro lado das pistas estava de pé CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Sem mover os lábios, ele meneou a cabeça dizendo que não.
Entendi que eu não deveria atravessar da mesma maneira que os demais.
Coloquei-me de quatro no chão e atravessei a faixa de pedestres engatinhando.
Olhei para ele e sem mover os lábios ele me disse:
"É necessário que haja homens virgens, para com vigor,
manter as virtudes da vida"
Me emocionei, achei a frase linda, quando me levantei para vê-lo, um onibus com propaganda passou entre eu e Carlos, ao passar o ônibus ele havia sumido.
Acordei com o rádio de minha casa ligado, o locutor gritava:
-Morre Drummond !
Eu nem sabia que o poeta estava doente.
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